Friday, June 09, 2006

Fiama




Fiama Hasse Pais Brandão.
Recebe o Prémio da Associação dos Críticos Literários em 2006, que se juntará a um conjunto de outros prémios recebidos pela originalidade da sua produção ao longo de muitos anos.
Quando procuro nas estantes o livro que vou reler é quase sempre com as ediçoes ETC. que deparo, belas, pequenas-grandes edições com capas do Carlos Ferreiro que o Vítor Silva Tavares gostava de associar às obras que publicava.
Trago aos olhos do leitor uma dessas edições, neste caso de Fiama, a peça de teatro" POE ou o Outro Corvo", de 1979, com um retrato seu a abrir o livro.
Outrora, falo assim porque tenho saudade desse tempo, o editor escolhia os seus autores porque apreciava o que eles faziam, viessem ou não a ter sucesso; e as edições eram acompanhadas com carinho: preferia-se a tiragem pequena, e não se "trituravam" restos.Os autores, julgo eu, eram mais felizes.
Celebra-se Beckett agora. Mas porque não encenam os jovens encenadores as peças de teatro que, como as de Fiama, mudaram, a seu modo, a linguagem teatral do nosso tempo? E mais, por que razão nas Escolas de Arte ninguém estuda, ainda que não represente, o que se fez?
Leio, da Poesia 61, Fiama, Gastão Cruz, outros, cuja escrita nunca se interrompeu, mas naquela altura tinha outro sabor: o desafio, a originalidade, a antecipação de um desconcerto que se tornou actual.
Nesta peça, com um actor e três actrizes, todas variantes do mesmo feminino imaginado pelo actor/autor, discute-se o real e o imaginário- discute-se o que é a literatura, para resumir um pouco à pressa.
Não perdeu actualidade, este texto, antes pelo contrário.

Deixo uma sugestão: representem Fiama, fazendo brilhar a obra junto com o prémio...

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