Thursday, July 27, 2006

Ramos Rosa,Homenagem a Paul Celan

O António Ramos Rosa sabia como gosto da poesia de Paul Celan.
À sua boa amizade devo este poema que me mandou, de homenagem a Celan, envolvendo a importancia de dizer, e de dizer o Nome. Por ser belíssimo o transcrevo:

HOMENAGEM A PAUL CELAN

"Forma-irmã, coroa vazia
sobre a água, lâmpada e amêndoa,
talvez alma solar,
mas também polvo da sombra
com os nomes queimados.
Onde te escondes? Esperas talvez
uma palavra ou uma carícia nua,
um sopro...Se a torrente branca
do vazio
se ouvir
talvez tu estales
com um só olho de sombra
em que dormem as duas mãos da alba.
Com um latido de urgência
mas sem fatal avidez
reúno as iniciais vazias do teu nome
para te abraçar
antes que tenhas um sentido
antes que te evapores".

António escrevia "em diálogo": a sua poesia adquiria também, deste modo, uma amplidão maior, indiscutível.
Aqui fica a minha homenagem sentida.

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