Monday, February 19, 2007

William Blake


The Songs of Innocence and of Experience contain "some of the most charming lyrics ever written in English.The childlike simplicity and trust of the Songs of Innocence is unique...Blake rejected common sense and believed that the material world is unreal.Those who knew him regarded him as a lunatic..."
(George H. Cowling, ed. Songs of Innocence and of Experience, Introduction )
Se é certo que há uma inocência aparente nas canções da inocência, não é menos verdade que Blake tem a intenção de as contrastar com as canções da experiência, pondo assim a descoberto as pulsões contraditórias da alma humana, como escreve no subtítulo da obra :" Showing the Two Contrary States of the Human Soul ".
Concluímos assim que é feita de sabedoria mais profunda a sua lírica, e não de ingenuidade meio infantil meio lunática como alguns pretenderam simplificando o seu contributo para a literatura e arte do seu tempo. Um dos poemas mais citados é THE LAMB, O Cordeiro; mas só pode ser de verdade entendido se o lermos seguido de outro ainda mais célebre THE TIGER, O Tigre.
É no brilho feroz do tigre que se revela o que o cordeiro esconde na sua aparente ( e insisto no termo ) inocência; pois de verdade não existe inocência no mundo, a Queda pôs termo a essa virgindade primordial e toda a criação foi contaminada pelo pecado dos nossos primeiros pais.
Blake acreditava na sua intuição espiritual. Dizia que os seus poemas lhe eram ditados por "autores da eternidade, authors in eternity". Como Pesoa fará mais tarde, aludindo a "oculta mão" que por ele escrevia...
Para Blake ser poeta era ser visionário no sentido mais nobre do termo. Era ter uma especial capacidade de imaginar, para além do que a natureza e a realidade permitissem. Por outras palavras, a capacidade de alcançar a essencia do mistério natural, vendo no cordeiro como no tigre a "ordem da existencia" pela qual eram regidos.
"Mental things alone are real" só as coisas mentais são verdadeiras, observa, podendo por aqui situar-se na tradição dos melhores cultores do hermetismo em Inglaterra. Para eles a imaginação era " a estrela no homem ".
A apreensão da realidade é sempre melhor feita por intermédio do símbolo :
" To see a world in a grain of sand
And a Heaven in a wild flower,
Hold infinity in the palm of your hand,
And eternity in an hour ".

Ver um mundo num grão de areia
E um Céu numa flor selvagem,
Na palma da mão conter o infinito,
E a eternidade numa única hora.

Misticismo, panteísmo também, em certa medida, mas sobretudo entendimento da cadeia dos seres num universo ordenado, mas infelizmente decaído e a necessitar de regeneração. Algo para que só um santo, um místico ou um poeta, que tenha um pouco de ambos, poderá contribuir.

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